Neide Campos / AmbienteBrasil
Riscos de extinção e descobertas marcaram o ano na flora brasileira. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, 472 plantas correm risco de sumir dos biomas brasileiros. No começo da década passada eram 108 espécies, como apontou matéria sobre o assunto publicada no clipping de AmbienteBrasil. No Rio Grande do Sul, o capim annoni (Eragrostis planam), uma espécie invasora que chegou ao país em 1950 e tornou-se um sério problema ambiental a partir dos anos 70, atualmente cobre 20% dos campos naquele estado.
Para preservar a árvore símbolo do Paraná, o Governo do Estado lançou projetos que buscam criar consciência de preservação às araucárias para desenvolver ações de educação ambiental, pesquisa ou estruturação de unidades de conservação e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (clique aqui para ler a notícia).
Pesquisas demonstraram que as plantas resistem a grandes adversidades. Um estudo americano descobriu que algumas plantas, quando ameaçadas por perigos como estiagem, mudanças drásticas de temperatura ou pragas de insetos, são capazes de lançar no ar um gás de composição similar à aspirina. Algumas flores, segundo um grupo de cientistas britânicos, “acenam” para conseguir a atenção de insetos. Isso explica porque algumas flores balançam com a brisa. Os pesquisadores afirmam que as espécies que se movem são visitadas mais freqüentemente por insetos e também produzem mais sementes.
O poder danoso da poluição se mostrou quando pesquisadores americanos divulgaram que a liberação de gases nocivos na atmosfera, provenientes de usinas termelétricas e de automóveis, por exemplo, destrói a fragrância das flores e impede a polinização. Essa seria a razão da redução das povoações de insetos polinizadores, que se alimentam do néctar das flores, em várias partes do mundo.
Cientistas americanos e finlandeses identificaram o gene responsável pela resistência das plantas à seca. Com essa descoberta será possível modificar as plantas para que continuem absorvendo o carbono, mas reduzam a eliminação de água, possibilitando sua sobrevivência em condições de seca.
Matusalém, uma árvore tamareira, originária de uma semente datada de dois mil anos atrás, completou, em 2008, três anos, segundo o relato da cientista Sarah Sallon, diretora de um centro de pesquisas médicas em Israel.
A biodiversidade brasileira também continua surpreendendo. Pesquisadores descobriram três novas espécies de flora ainda desconhecidas da Ciência na região do Parque Estadual do Cristalino, no Mato Grosso. Uma tese de doutorado da Universidade Federal de Minas Gerais afirmou, em julho, que o país tem em média uma descoberta de planta angiosperma - que produz flores - a cada dois dias. E apesar de sempre ameaçada, a Mata Atlântica é o lugar onde mais se encontram novas espécies, seguida do Cerrado e da floresta amazônica.
Outra defesa de doutorado, agora no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, mostrou que a planta natural do Cerrado Galianthe grandifolia, uma herbácea da família do café, além de ter alto potencial para limpar solos contaminados com metais pesados, é capaz de absorver o cádmio em grandes quantidades. O tema já havia chamado a atenção em abril, quando cientistas alemães descobriram que a Arabidopsis halleri, uma herbácea pouco comum da família brassicacea, extrai do solo as substâncias tóxicas e, por meio de um sistema de bombeamento, as envia das raízes para as folhas, onde se concentram para defender a planta de insetos e de agentes patogênicos.
Brasileiros descobriram que o arenito zeolítico, que tem muita areia e cerca de 50% de rocha zeolita, encontrado principalmente no sul do Maranhão, pode aumentar o tamanho de flores, representando eficiência de produção, diminuição de custos para os produtores e redução dos males causados à atmosfera pela emissão de gases causadores do efeito estufa, como mostra a matéria Pesquisadores desenvolvem composto mineral que melhora qualidade das rosas.
Na Noruega, a Caixa Forte Internacional de Sementes, construída em uma ilha remota, Svalbard, vai abrigar sementes de todas as variedades conhecidas no mundo de plantas com valor alimentício. Em Sussex, cidade próxima a Londres, está localizado o Banco de Sementes do Milênio, que abriga um bilhão de sementes de todo mundo, muitas das quais estão em perigo de extinção.
E com tantos esforços para salvar a flora mundial, em Madagascar, botânicos descobriram uma espécie de palmeira gigante que se autodestrói. Apesar de ter uma vida estimada em cem anos e medir 20 metros de altura, a palmeira suicida nunca foi vista com flores. Quando isto aconteceu, em 2007 os botânicos descobriram que a árvore gastou tanta energia na criação de flores que morreu, como informa a matéria Botânicos descobrem palmeira gigante 'suicida'.
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