domingo, 4 de janeiro de 2009

Empresa responsável - Apoia terceiro Setor

Terceiro setor Pesquisa mostra que a maioria das empresas promove algum tipo de benfeitoria à socieadade

RAISSA SCHEFFER
Gazeta de Ribeirão
raissa.lopes@gazetaderibeirao.com.br

O uso voluntário e planejado de recursos privados em projetos de interesse público vai além do conceito de responsabilidade social e alcança um importante espaço nas empresas como investimento. De acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 70% das empresas brasileiras, cerca de 600 mil, realiza trabalhos sociais. O número é grande, mas o que preocupa é a maneira como essas ações são realizadas.

"Dessas 600 mil empresas, 90% fazem trabalhos com a comunidade de forma filantrópica e caritativa, sem se preocupar em co-relacionar as ações com sua marca. Doação por doação não pode ser feita por empresas, é preciso que haja investimento social com retorno", disse o sociólogo Gilson Santos Bertozzo, diretor técnico da Terceira Tese, assessoria especializada em investimentos sociais.

Para Bertozzo, é importante que os empresários tenham sua marca relacionada com ações sociais. Os projetos valorizam a imagem da empresa, pois o relaciona com atividades positivas. "Se a empresa está fazendo algo de bom para a sociedade, deve divulgar mesmo. Além de mostrar que boas ações estão sendo realizadas, desperta a simpatia dos consumidores, que na hora da compra vão optar por uma empresa com comprometimento social", disse.

De acordo com Bertozzo, as empresas também devem se envolver de uma forma estratégica para obter resultados das ações sociais. "Se o empresário não encarar os projetos sociais como investimento importante para o crescimento de sua marca, ele vai enxergar essas ações como um simples custo, e quando a empresa passar por dificuldades financeiras elas serão cortadas. Isso faz com que os projetos fiquem pela metade", disse.

O sociólogo disse que, para obter resultados positivos, a empresa precisa primeiro, fazer um levantamento do seu perfil. "A empresa tem de descobrir qual sua aptidão, fazer essa mapeamento de vocação para saber em qual área vai atuar com seu projeto social. Isso também ajuda a manter a sobrevivência do projeto", disse Bertozzo.

Segundo o diretor, além de realizar os projetos de uma forma incorreta, a maioria das empresas também foca esses projetos para áreas sociais erradas. "Vemos que a maioria das mobilizações acontece na área de alimentação, já que a fome é mais sensível aos nossos olhos. Mas a doação é uma ação fácil e não é só isso que a sociedade precisa."


PESQUISA
O investimento social de empresas

R$ 7 bi
É o valor que as empresas do País devem gastar com o social em 2009

600 mil
É o número de empresas brasileiras que realizam trabalhos sociais

62%
Dos projetos realizados por empresas brasileiras beneficiam crianças

MÃO AMIGA

“As ações sociais são muito positivas e a imagem positiva proporcionada a empresa é uma consequência”

Jaqueline Marques
Da Companhia de Bebidas Ipiranga


Consumidor está atendo às ações

Os consumidores também acompanham as ações sociais realizadas pelas empresas. De acordo com a pesquisa da Terceira Tese, 70% das pessoas quer que os empresários divulguem suas ações. "Os consumidores gostam de conhecer os trabalhos realizados pelas empresas na sociedade. E dependendo da ação pode até influenciar na hora da compra", disse o sociólogo Gilson Santos Bertozzo. Em Ribeirão, a Companhia de Bebidas Ipiranga adotou as ações sociais como parte do sistema da empresa. Ao todo, são realizados 16 projetos baseados em três pilares sociais: capacitação, cultura e sustentabilidade. "Foram feitas pesquisas para definir em que área a companhia iria atuar dentro da sociedade", disse Jaqueline Marques, coordenadora de responsabilidade social da Companhia Ipiranga. Segundo Jaqueline, a preocupação social começa dentro da empresa, com os próprios funcionários. "Temos ações de segurança e bem estar, com centro de convivência e área de lazer para oferecer uma boa estrutura de trabalho para os cerca de 2,5 mil funcionários que temos. Também fazemos coleta seletiva, reutilização de água e tratamento de esgoto dentro da empresa", disse. (RS)

No País, mais de R$ 7 bilhões

Os investimentos de empresas brasileiras em ações sociais neste ano devem ser de R$ 7 bilhões, segundo estimativas da assessoria Terceira Tese. O número representa um aumento de 50% em relação ao investido no ano de 2004. "Existe grande investimento, só que na maioria das vezes ele é realizado de maneira errada", disse o sociólogo Gilson Santos Bertozzo, diretor técnico da Terceira Tese. De acordo com a pesquisa feita pela assessoria, 52% dos investimentos feitos por empresas brasileiras são feitos na área de alimentação e doações, 40% em ações sociais, 24% em saúde, 23% em educação e 7% em meio ambiente. "Essa é uma realidade brasileira, que também se reflete em Ribeirão. Mas os empresários já começaram a fazer uma correlação e avaliar melhor os projetos em que investem", disse Bertozzo. Em Ribeirão, um bom exemplo de empresa que relacionou seu perfil produtor com ações sociais é a Netafim, especialista em sistemas de irrigação. O primeiro projeto social realizado pela multinacional faz parte da ação Voluntários do Sertão, e investe em doação de sistemas de irrigação para famílias agricultoras. "A idéia era fazer a ação de forma sustentável, não apenas doar por doar. É uma ação que abastece e ajuda na produção e também vende a marca da empresa", disse o gerente de marketing na Netafim, Marcelo Baratlella. O objetivo da empresa é atender 500 famílias até o ano que vem. (RS)

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