terça-feira, 3 de junho de 2008

Individualismo


Individualismo é uma palavra que provoca polêmicas e mal-entendidos. Penso que quando isso acontece é porque o termo está sendo usado com múltiplos significados, o que desencadeará emoções diferentes de acordo com o modo como cada um a entenda.

Individualismo é palavra que determina juízo negativo quando é usada como sinônimo de egoísmo. O mesmo acontece quando ela é usada para descrever uma pessoa incompetente para relacionamentos afetivos e para uma adequada integração em grupos de convívio.

Vale a pena uma reflexão mais rigorosa a respeito do tema, especialmente porque temos vivido uma fase da nossa história na qual cresce a tendência na direção do individualismo. O individualismo tem crescido basicamente em função dos avanços tecnológicos que nos levam a passar cada vez mais tempo em atividades solitárias, tais como o uso do computador, de “walk-man”, de jogos eletrônicos etc.; isso desde os primeiros anos de vida. É fato também que a disponibilidade da maioria das mães diminuiu porque elas hoje também trabalham fora de casa. Além disso, é cada vez mais difícil para as crianças conviverem com outras da mesma idade de forma espontânea, já que as ruas não são mais o “play-ground” que eram.

Podemos definir o individualismo como a capacidade de exercer a própria individualidade. É curioso porque a palavra individualidade tem conotação positiva, como a conquista de um estado de autonomia. Nascemos totalmente sem identidade e em estado de fusão com nossas mães. Levamos mais de 20 anos para completar o processo de desenvolvimento interior que definirá nossa individualidade. Ela é, talvez, uma das nossas maiores conquistas: conseguimos finalmente nos reconhecer como um ser autônomo, com pensamento próprio e pontos de vista construídos a partir de nossas próprias vivências -- é claro que influenciado por tudo o que nos cerca.

A individualidade nos faz conscientes de nossa condição de solitários, de que todos os contatos que estabelecemos com “os outros” é um tanto precário, que nem sempre somos tão bem entendidos como gostaríamos. Isso porque o modo de pensar de cada cérebro é único e a comunicação nem sempre se estabelece.

Por anos lutamos contra a sensação de solidão determinada pela constituição da nossa individualidade. Creio que nós, como espécie, ainda lutamos contra essa condição e só estamos nos aproximando dela em virtude dos avanços tecnológicos que estão nos “forçando” a dar continuidade ao processo de emancipação que sempre tendemos a interromper.

Os processos contrários à individualidade fazem parte do fenômeno amoroso, da tendência que temos de nos aconchegar inicialmente em nossas mães e depois em seus substitutos adultos -- relacionamentos amorosos, patriotismo etc. Ao nos colocarmos como defensores do amor e das tendências gregárias que dele resultam nos posicionamos, nem sempre de modo consciente, contra o desenvolvimento da nossa individualidade. Passamos a considerá-la como nociva ao bem comum, como algo que nos impediria de pensar também no próximo. Para preservar o termo “individualidade”, altera-se o foco das críticas para outra palavra com significado semelhante. Aqueles que são favoráveis às causas coletivas se colocam contra o individualismo - que significa apenas o exercício da individualidade, algo que eles mesmos consideram positivo.

Compreendo a aflição das pessoas diante de um ponto de vista novo e aparentemente contraditório com o que se habituaram; ou seja, de que o individualismo implica em egoísmo e descaso pelo outro. Do meu ponto de vista, porém, não vejo nenhuma contradição entre o exercício pleno da nossa individualidade e o desenvolvimento do sentido moral e de solidariedade social. Ao contrário, tenho observado que o incompleto desenvolvimento emocional das pessoas - o que, na prática, implica no não atingimento do estágio individualista - acaba por provocar condutas moralmente duvidosas.

Assim sendo, não só não creio que o individualismo não é sinônimo e nem implica em egoísmo como é forte a convicção que tenho na direção oposta: o egoísmo deriva da imaturidade emocional que se caracteriza pelo incompleto desenvolvimento da individualidade. O egoísta não pode ser individualista porque ele tem que ser favorável à vida em grupo já que não tem competência para gerar tudo aquilo de que necessita. É do grupo - ou de algumas pessoas pertencentes ao grupo - que irá extrair benefícios.

O egoísta é aquele que precisa receber mais do que é capaz de dar. É um fraco e não um esperto. Ou melhor, é esperto porque é fraco e precisa usar a inteligência para ludibriar outras pessoas e delas obter o que necessita e não é capaz de gerar. O egoísta tem que ser simpático e extrovertido. Não é assim porque gosta das pessoas e de estar com elas. É assim porque precisa delas e tem que seduzi-las com o intuito de extrair delas aquilo que necessita.

Uma outra forma de imaturidade emocional, menos dramática que o egoísmo, é a generosidade. O generoso precisa se sentir amado e benquisto. Para atingir esse objetivo faz qualquer tipo de concessão. O egoísta percebe isso - é esperto e atento a todas as oportunidades de se beneficiar - e trata de obter os favores práticos que o generoso está disposto a prestar com o intuito de se sentir aconchegado.

Compõe-se uma aliança sólida e nociva entre esses dois tipos de pessoas imaturas e dependentes: o egoísta depende para aspectos práticos da sobrevivência e o generoso depende para aspectos emocionais de aconchego e de não se sentir sozinho. Esse tipo de aliança define um tipo comum de elo amoroso que E. Fromm chamava de sado-masoquista: o sádico é o egoísta e o masoquista o generoso. Existe uma interdependência na qual o mais poderoso - porque o menos imaturo - é o generoso ou o masoquista. Sim, porque até mesmo no sado-masoquismo sexual quem dá as cartas é o masoquista!

Há 25 anos venho tentando desvendar e desfazer essa trama, a meu ver muito duvidosa, que se estabelece entre os “bons” - generosos - e os “maus” - egoístas. Há mais de duas décadas luto contra essa dualidade que não tem nos levado a parte alguma e que se transmite, através do exemplo, de geração em geração. Há décadas tento ver o que existe para além do bem e do mal. Tenho buscado com tenacidade e persistência um modo de ser que seja verdadeiramente moral e não esse padrão que dá virtude à generosidade e que implica obrigatoriamente na existência de igual número de egoístas. A generosidade não é virtude porque ela se exerce perpetuando o modo de ser egoísta daquele que é seu beneficiário.

Considero importante distinguir generosidade de altruísmo: esse último corresponde à ajuda anônima a terceiros desconhecidos ou pouco conhecidos, de modo que não implica no reforço do egoísmo, já que não existe trocas íntimas.

Egoísmo e generosidade interagem e se reforçam de modo negativo nas relações íntimas entre casais, entre pais e filhos, entre sócios e na sociedade como um todo. Há décadas venho afirmando que o egoísmo só irá desaparecer quando desaparecer a generosidade. Ou seja, o parasita só desaparecerá quando não houver mais hospedeiro a ser parasitado. Assim sendo, todo aquele que defender a generosidade como virtude estará indiretamente defendendo a existência de egoístas!

A superação da dualidade egoísmo-generosidade corresponde ao modo de ser que chamo de justo: aquele no qual não se recebe mais do que se dá mas também não se dá mais do que recebe. O justo terá que ser um indivíduo independente tanto do ponto de vista prático como emocional. Não poderá necessitar de ninguém para as questões práticas da sobrevivência, como é o caso do egoísta. Não poderá necessitar de ninguém do ponto de vista do aconchego emocional, como é o caso do generoso.

Isso não significa que não deseje estabelecer elos nos quais hajam trocas de todos os tipos. Trocas justas. Não se deve desprezar também a diferença entre necessidade e desejo. No caso do desejo, o que está em jogo é o prazer e não a necessidade, de modo que tendemos a ser muito mais cuidadosos na “contabilidade” que envolve as trocas com os que nos cercam.

Pessoas maduras emocionalmente gostam de se relacionar social e afetivamente. Por não precisarem vitalmente das outras pessoas não são obrigadas a estar com elas o tempo todo, como costuma acontecer com os egoístas, mais imaturos e dependentes.

Pessoas mais maduras gostam também de ficar consigo mesmas, com seus pensamentos, seus sonhos, suas músicas, seus livros, etc. Pessoas mais maduras são aquelas que desenvolveram mais firmemente sua individualidade e chegaram a um modo de ser que lhes agrada; assim, conviver consigo mesmas também é um bom programa!
Pessoas mais maduras são, pois, individualistas, aquelas que exercitam com prazer suas individualidades.

Costumam preferir um convívio social mais restrito, de modo que são mais exigentes na escolha dos seus amigos e conhecidos. Outras não se sentem muito gratificados com as interações humanas e pode muito bem ser que prefiram uma vida mais solitária. Especialmente aquelas que já se conciliaram com essa peculiaridade da nossa condição. Sim, porque é provável que uma das razões pelas quais temos demorado tanto para atingir esse estágio que pode ser chamado de nascimento emocional deriva da nossa dificuldade de aceitar a condição de seres únicos e sozinhos.

Nascemos fisicamente no momento do parto e só depois de vários meses conseguimos nos reconhecer como separados de nossas mães, o que corresponde ao nascimento psicológico. Parece que precisamos mais de 20 anos para que aconteça o nascimento emocional, isso para aqueles poucos que conseguem chegar até aí!

Reafirmo minha convicção que o individualismo corresponde ao atingimento da maturidade emocional, condição indispensável para o estabelecimento de relações afetivas de qualidade e também o surgimento de um efetivo avanço moral entre nós. Essa é a boa notícia que deriva das dramáticas e nem sempre adequadas mudanças que temos acompanhado nos últimos 40 anos. Espero que tenhamos tempo para vê-la florescer, o que só acontecerá se o mundo não acabar justamente em mais uma guerra entre o “bem” e o “mal”!

matéria de :
www.flaviogikovate.com.br
flaviogikovate@vaidarcerto.com.br

apontamento do blog:acredito que ser individualista não é um defeito, mas sim uma forma de se preservar mais o indivíduo(pessoa) e não viver em função dos outros.Mas quando verificamos a situação do Mundo atual das pessoas em geral, vimos se continuarmos a ser muito individualistas deixaremos de ajudar o próximo, de ver o quanto outras pessoas precisam de nossa atenção, de nossa gratidão de nossa ajuda em palavras ou mesmo em atos como prover um prato de comida quanto está com fome, e dar um cobertor quando está com frio.
Vivemos num coletivo.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Dia Mundial Sem Tabaco: jovens são alvo de campanha anti-tabagismo


Principal causa evitável de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabaco é a segunda droga mais consumida entre adolescentes. De acordo com a organização, a maioria dos fumantes experimenta seu primeiro cigarro e se torna dependente antes dos 18 anos de idade. O número de fumantes nesta faixa etária é preocupante. Cerca de 100 mil pessoas começam a fumar todos os dias ainda na juventude. Para celebrar o Dia mundial sem Tabaco, comemorado no dia 31 de maio, foi lançada a campanha "Juventude Livre do Tabaco". A escolha do tema aponta a preocupação da OMS na prevenção do tabagismo entre crianças e adolescentes.
O pedido acontece por ocasião do Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, e que este ano tem como foco a juventude, assim como a denúncia das campanhas multimilionárias das empresas de cigarro para atrair este setor da população através de técnicas de mercado.

O objetivo é proteger 1,8 bilhão de jovens no mundo, os mais vulneráveis a essas táticas que, em palavras de um especialista da OMS, se assemelham a "um vírus mutante", pois quando desaparece em um lugar se reproduz em outro.

"As medidas pela metade não servem para nada. Quando se proíbe uma forma de publicidade, a indústria do tabaco redireciona seus recursos em direção a outras formas", denunciou em entrevista coletiva o doutor Douglas Bettcher, responsável da Iniciativa Sem Tabaco da OMS.

"É como um vírus mutante, sempre encontra outras formas de chegar", insistiu o especialista, defendendo que os Governos "imponham uma proibição total para fazer a estratégia de comercialização do tabaco fracassar".

Segundo a OMS, que cita estudos recentes, quanto mais expostos os jovens estiverem à publicidade do tabaco, mais provável é que comecem a fumar.

Mas, apenas 5% da população mundial vivem em lugares onde a publicidade é proibida.

Bettcher ressaltou que a indústria do tabaco tenta atrair os jovens associando falsamente o consumo destes com qualidades com o "glamour", a energia e a atração sexual.

Por isso, quando não é possível a publicidade direta do tabaco, a indústria usa métodos indiretos como dar os nomes de suas marcas, assim como seus logotipos, a outro tipo de produtos, desde bolsas até chinelos esportivos, passando por roupas, declarou a especialista brasileira Vera Luiza da Costa e Silva consultora da área de saúde.

"Segundo um estudo realizado em 150 países, 56% dos estudantes entre 13 e 15 anos estão expostos à promoção de produtos com logos e nomes de marcas de cigarros", afirmou.

"Dois em cada dez estudantes possuem algum objeto com uma logo relacionada ao tabaco", ressaltou.

Bettcher destacou que, como a maioria das pessoas no mundo começa a fumar antes dos 18 anos, e deles, quase uma quarta parte antes dos 10, a indústria do tabaco opta por lançar sua publicidade nos meios acessíveis aos jovens.

"Cinema, internet, shows e eventos esportivos são alguns dos lugares escolhidos para fazer chegar a mensagem aos jovens", explicou, com o agravante de que "eles são os que se viciam mais facilmente e que têm mais dificuldades para se livrar do vício".

As empresas de tabaco voltam suas campanhas especialmente para os países em desenvolvimento, pois é ali onde vivem 80% dos jovens, afirmou Bettcher lembrando, além disso, que as empresas procuram incluir substâncias nocivas, como o amoníaco, nos cigarros para torná-los mais viciantes.

"Para poder sobreviver, a indústria do tabaco precisa substituir aqueles que morrem ou que abandonam por novos consumidores", comentou a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado pelo Dia Sem Tabaco.

"A proibição de toda a publicidade do tabaco e de sua promoção e patrocínio é uma ferramenta poderosa que podemos usar para proteger a juventude", acrescentou.

A OMS calcula que se não forem tomadas medidas, no fim deste século terão morrido 500 milhões de pessoas por causa do consumo do tabaco. EFE vh/bm/ma

fonte:
http://ultimosegundo.ig.com.br

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Falsa intimação da Procuradoria Regional da Justiça -instala virus

Cuidado ao receber um email da Procuradoria Regional da Justiça da 12 Região, pois é um email contendo virus.

Maiores informações acesse:
http://www.quatrocantos.com/LENDAS/341_intimacao_mpf.htm.

http://www.quatrocantos.com/LENDAS/trojan_horse_golpes.htm

antes de abrir qualquer arquivo por email, verifique antes se não é um virus.

acesse tambem:
http://trivialidadesdavida.blogspot.com/2008/01/certas-coisas-me-irritam-devo-confessar.html

este é o modelo do email:
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO N.º 324/2008

Assunto: INTIMAÇÃO PARA COMPARECIMENTO EM AUDIÊNCIA, relativa ao procedimento investigatório em epígrafe, em tramitação nesta Regional, conforme despacho em anexo.

ANEXO INTIMAÇÃO.ZIP(39k)

ANEXO INVESTIGAÇÃO.ZIP(89k)

————————————————-

Nos dois links contem vírus, nem ao menos pensem em clicar caso não seja um usuário qualificado para tal ação.
Ignorem qualquer notificação recebida por email, pois nenhuma entidade deste tipo manda emails deste tipo. Caso tenha alguma intimação com certeza irão levar até a sua casa em carta assinada, tomem cuidado também pois pode ser o Antrax ^^

Tenha um anti-vírus atualizado em sua máquina para sua segurança, recomendo o Kaspersky Internet Security

fonte:
http://blog.malluco.com/2008/03/04/intimacao-para-comparecimento-em-audiencia/

terça-feira, 27 de maio de 2008

Labio-Leporino e Fenda Palatina

Projeto AMPLA


A AMPLA está buscando 125 crianças que tenham seqüelas como: lábio-leporino e fenda palatina para realizar gratuitamente a cirurgia de reparação. Se você conhece alguém que tenha alguma dessas deficiências, por favor, informe o telefone da Ampla (21) 2562-2822 ou o site http://www.operacaosorriso.org.br http://sorriso.org/ ou http://www.operationsmile.org/officeinfo.phtml?office=BR

fonte : www.promenino.org.br
data 26/05/08

Labio-Leporino e Fenda Palatina

Projeto AMPLA


A AMPLA está buscando 125 crianças que tenham seqüelas como: lábio-leporino e fenda palatina para realizar gratuitamente a cirurgia de reparação. Se você conhece alguém que tenha alguma dessas deficiências, por favor, informe o telefone da Ampla (21) 2562-2822 ou o site http://www.operacaosorriso.org.br http://sorriso.org/ ou http://www.operationsmile.org/officeinfo.phtml?office=BR

fonte : www.

Desenho


Neide Duarte *


Foto: Morguefile


União de Vila Nova, São Miguel Paulista, São Paulo. Só se entra no bairro de duas formas: por baixo de uma ponte da linha do trem ou, na outra ponta, por cima da linha do trem. Do outro lado tem um riacho, mais adiante uma estrada, a Rodovia Ayrton Senna.

Bairro isolado. Vários terrenos são usados como lixões.

Numa área descampada, crianças brincam de rolar dentro de um barril de latão. Um ou dois ficam lá dentro, gritando, enquanto outros meninos empurram e vão girando o latão.

Alguns meninos jogam futebol. Outros empinam pipa.

Menos meninas nas brincadeiras. Os meninos sempre ocupam mais as ruas do que as meninas.

Eduardo tem 11 anos, mas não gosta da rua. Prefere ficar em casa e desenhar.

A casa dele não tem muito espaço. Não que seja tão pequena, mas ali não reina nenhum tipo de organização. A mãe vai juntando roupas sujas e limpas em sacolas pelo chão da sala, do quarto, da cozinha. O sofá mal dá para oferecer uma vaga, imprensado que está entre a mesa da sala de jantar e as cadeiras.

Tudo o que poderia ser usado como mesa está tomado de coisas velhas e sujas. Poeira por toda parte, cheiro de mofo, umidade, paredes enegrecidas e esverdeadas pela umidade.

No quarto, roupas penduradas pelas guardas da cama, algumas jogadas no chão, sacolas de roupas, gatos adormecidos.

Eduardo, com seu desenho, vai colocando em ordem o mundo em que vive e o caos do papel em branco

Eduardo não se importa. Improvisa mesas pela casa: um pedacinho do braço do sofá que sobrou vazio, os próprios joelhos, ou então a parte de cima do beliche, onde dorme.

Eduardo não tira os tênis para subir no beliche. Mesmo depois de ter caminhado na rua de terra onde mora. O lençol está tão encardido que não fará diferença acrescentar ali uma nova sujeira.

E quando o Eduardo começou a desenhar, a mãe dizia: “Mas isso você já sabe. Pára de desenhar! Você precisa aprender outras coisas, de desenho já está bom.” Mas Eduardo é persistente, quer ser desenhista e sabe, apesar da pouca idade, que esse aprendizado não tem fim.

Por isso ele nem dormiu na noite que antecedeu o começo da realização do seu sonho: sua primeira aula de desenho e escultura, numa Organização Não-Governamental criada por um ex-presidiário, lá no bairro. Na cadeia, o ex-presidiário virou escultor e agora passa o que aprendeu para os meninos da vila, junto com outros monitores.

As linhas do lápis de Eduardo formam homens repetidos, semideuses, homens voadores de voz grave e assustadora, homens de chifre, de olhos vermelhos, músculos impensáveis, homens que com um simples gesto de braços deslocam montanhas, destruidores de tudo.

Os desenhos são um retrato do que vê na televisão. Heróis, anti-heróis, agentes do bem e do mal, seres inexplicáveis, desumanos na sua aparente humanidade.

E, na aparente desordem da vila e da casa onde mora, Eduardo, com seu desenho, vai colocando em ordem o mundo em que vive e o caos do papel em branco.




* Neide Duarte é jornalista, dirigiu e apresentou durante sete anos o programa
Caminhos e Parcerias, da TV Cultura, e hoje é repórter especial da Rede Globo

segunda-feira, 26 de maio de 2008

sem idéias


Voce ja chegou naquele momento de estar sem idéias de postagem?
como se todos os temas ja foram abordados, relatados e comentados.Vimos que na realidade estamos mesmo é vazios de objetivos.
Quando nosso foco, nossos objetivos parecem não acontecer, as dificuldades são maiores que as vitórias, sentimos vazios e sem idéias.
Perguntas do tipo, fazer porque, para quem e para que fim e se vale a pena mesmo fazer.
Onde está o retorno?

Coronavírus e pets: animais de estimação no ambiente doméstico precisam de atenção especial

Mesmo que não sejam portadores do vírus, eles podem transportá-los pelas patas ou pelo. Ainda que não existam informações conclusivas so...